segunda-feira, 4 de abril de 2011

pensamentos pedagógicos parte 1


Existe uma forma de educação por nós denominada de educação libertária. Ela busca o equilíbrio entre as vontades individuais e as vontades do grupo, através da deliberação coletiva. Acreditamos que liberdade é agir de acordo com as nossas vontades, considerando também a vontade dos outros. Liberdade é não abrir mão de nossa individualidade. Liberdade também é ceder em função do outro, da coletividade. A liberdade, sem dúvida, depende de um equilíbrio frágil e dinâmico.
Nossa forma de intervenção pedagógica se caracteriza pelo exercício da liberdade na escola. Acreditamos que só se aprende a ser livre quando possuímos os pressupostos essenciais da liberdade. Para nós a liberdade é uma construção, que para se efetivar, depende do “desenvolvimento de todas as potencialidades”1. Nenhum ser humano nasce livre. Ele  nasce dependente e pode, ou não, se tornar um homem livre.
Acreditamos em pressupostos para liberdade. O principal deles, talvez seja a inteligência. Inteligência traz o discernimento, a inteligência é a “abertura para todos os possíveis”2. Para ter livre capacidade de escolha entre as milhares de possibilidades que temos diante das situações, precisamos de certas estruturas mentais, de certo desenvolvimento mental. Precisamos saber ordenar, seriar, classificar, excluir, incluir...
Sim, a democracia também tem seus pressupostos. Na medida em que a democracia é um processo inteligente de negociação dos conflitos, precisamos, necessariamente, ter capacidade de descentração. Capacidade de se colocar em outro ponto de vista que não o nosso. Na verdade, acreditamos que a maioria dos conflitos entre as pessoas é resultado da intransigência, que se caracteriza pela incapacidade de se compreender o outro, o diferente. Para isso é preciso nível de desenvolvimento mental, conforme Piaget. (Piaget,1994) .  
Mas não estaríamos enganados quanto à existência de um pressuposto (desenvolvimento mental)  para a liberdade, para a vida em coletividade ? Ora, afirmamos que embora tenda à liberdade, o ser humano não é livre por natureza; precisa construir, gradualmente, necessita conquistar sua libertação, a história da humanidade confirma essa afirmação. Para alcançar a autonomia devemos percorrer uma longa caminhada.
Considerando que podemos aprender a ser livres, assim como podemos aprender a ser submissos, pensamos que a escola tem a obrigação de instigar o desenvolvimento mental, tendo em vista a construção da autonomia do aluno. Afirmamos, que desde pequeno, a criança deve exercitar a liberdade nas escolas. Assim como podemos aprender a cooperar, também podemos aprender a dominar, através da coação. Tudo é uma questão de como as atividades são organizadas e orientadas pelos educadores. Logo a questão é de ordem qualitativa. E então, que qualidade, que tipo de educação vem sendo ensinada na maiorias das escolas ? Nossa escola, de uma maneira geral, ensina a criatividade ? Estimula a inteligência ? Ensina a cooperação ? Ou ela estimula o individualismo, a competição, a coação ? A escola vem ensinando, de uma maneira geral, a liberdade ou a dominação ? Estas são questões que muito nos interessam.


1  Ver: Piaget, Para Onde Vai a Educação ? (1998). 
2 Ver Lima e Lima, A juventude como motor da história: “abertura para todos os possíveis”;1980.

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